Bembé do Mercado: A Resistência Negra que Vai Brilhar na Sapucaí com a Beija-Flor!
Prepare-se para uma viagem cultural e histórica! O Bembé do Mercado, uma das mais significativas celebrações da cultura afro-brasileira em Santo Amaro, na Bahia, será o grande enredo da Beija-Flor de Nilópolis no Carnaval 2026. Mais do que uma festa, é um grito de liberdade e resistência que ecoa há 136 anos e agora ganha a Marquês de Sapucaí.
O que é o Bembé do Mercado? Uma Celebração de Liberdade
O Bembé não é apenas uma festa; é a reafirmação de que a abolição da escravatura foi uma conquista do povo negro, e não um presente da Princesa Isabel. Ele começa dias antes do 13 de maio, com rituais que antecedem a alvorada, como o Padê de Exu e a organização de oferendas para o mar. Seu marco inicial foi em 1889, quando João de Obá fincou um mastro no mercado municipal de Santo Amaro, transformando-o em um barracão sagrado e símbolo de uma liberdade recém-conquistada.
- Mastro Sagrado: O coração do Bembé é o mastro, consagrado a Xangô, orixá de João de Obá. Ele simboliza a conexão entre o mundo espiritual (Òrum) e o material (Àiyé), transformando o espaço público em um território de identidade e poder para a população negra.
- Rituais Ancestrais: A festa inclui saudações aos ancestrais, oferendas a Iemanjá e Oxum (donas da festa e orixás das águas, vitais para a subsistência da comunidade pesqueira), e o vibrante Xirê do Mercado, com a participação de líderes e membros de dezenas de comunidades de terreiro.
Uma História de Luta e Reconhecimento
A trajetória do Bembé é marcada por desafios e superações. Nos anos 1950, após uma explosão no mercado, a festa foi proibida, mas a comunidade, composta por pessoas do candomblé, pescadores e marisqueiras, resistiu. Lideranças como Pai Tidu e Pai Pote foram essenciais para manter a chama acesa, garantindo que a celebração não desaparecesse e lutando por seu reconhecimento.
A historiadora e pesquisadora Ana Rita Machado, também reconhecida como Iyá Egbé, teve um papel crucial. Sua pesquisa foi a base para que o Bembé fosse registrado como Patrimônio Imaterial da Bahia em 2012 e, posteriormente, como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN em 2019. Atualmente, há um pleito para que se torne Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO, e em 2024, foi criado o Centro de Referência do Bembé, coordenado por Ana Rita, para preservar sua memória e articular políticas públicas.
Beija-Flor e Bembé: Um Encontro Ancestral na Sapucaí 2026
A notícia de que o Bembé do Mercado seria enredo da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2026 foi recebida com festa e emoção. Para Ana Rita Machado, foi um verdadeiro "encontro ancestral", um abraço entre duas populações negras que compartilham memória, luta e fé. A escolha da escola de samba carioca não é apenas uma homenagem, mas a realização de uma promessa de amplificar a voz e a história de resistência do povo de Santo Amaro.
O carnavalesco João Vitor Araújo tem a missão de traduzir a riqueza do Bembé para a avenida, trazendo a força de João de Obá, Iemanjá, Oxum e Xangô. A expectativa é de um desfile que celebre a alegria e o amor, contando a história das contribuições inestimáveis das populações negras para a formação do Brasil e sua importância contínua para transformar o país em algo melhor.
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