Liesa: Barracões lotados e Carnaval é investimento, não gasto

LIESA Esclarece: Barracões da Cidade do Samba e o Futuro do Grupo Especial

Em um pronunciamento que reverberou no mundo do samba, João Drumond, diretor financeiro da LIESA, veio a público para dissipar rumores e apresentar a visão da Liga sobre temas cruciais para o Carnaval do Rio de Janeiro. De olho nas críticas à gestão dos barracões da Cidade do Samba e na proposta de expandir o Grupo Especial, Drumond trouxe clareza, números e um apelo por mais dignidade para as escolas de acesso.

Cidade do Samba: Todos os Barracões Estão Ocupados!

A polêmica sobre supostos barracões vagos na Cidade do Samba foi prontamente desmentida por João Drumond. Segundo o diretor, os 14 espaços estão em plena atividade. Ele explicou que o Carnaval carioca evoluiu exponencialmente desde 2005, quando a Cidade do Samba foi entregue. As escolas de samba, para manter a grandiosidade e a complexidade de seus desfiles, necessitam de cada vez mais espaço para a confecção de alegorias e fantasias.

Drumond esclareceu que os locais erroneamente tidos como "vagos" foram, na verdade, estrategicamente ocupados pelas próprias agremiações. Essa medida visa viabilizar a continuidade do crescimento do espetáculo, sem que haja qualquer relação com o número de escolas no Grupo Especial. "O carnaval cresceu muito e as escolas não têm mais espaço dentro dos seus barracões", pontuou, ressaltando a adaptação contínua para atender às demandas da folia.

Grupo Especial: Qualidade Acima da Quantidade

Outro ponto central da fala de Drumond foi o debate sobre a proposta de aumentar o número de escolas no Grupo Especial, que atualmente conta com 12 agremiações. O diretor financeiro da LIESA foi categórico: mudar o regulamento exige mais do que boas intenções. "Para mudar isso, gente, é preciso estrutura e recurso. Não adianta ter só discurso", afirmou.

Ele alertou para um cenário preocupante caso a expansão ocorra sem o devido planejamento e investimento. A preocupação é clara: um Grupo Especial maior em quantidade de escolas, mas com uma qualidade artística inferior, o que poderia comprometer a excelência do espetáculo que é cartão-postal do Rio de Janeiro. A LIESA defende que a manutenção do alto nível artístico deve ser a prioridade.

O Carnaval como Motor Econômico Bilionário

João Drumond fez questão de desmistificar a ideia de que o Carnaval é um "gasto", defendendo-o veementemente como um "investimento" de grande retorno para a cidade e o estado. Para embasar sua argumentação, apresentou dados impressionantes:

• Movimentação de R$ 5 bilhões na economia carioca durante o último período de Carnaval.
• Taxa de ocupação de 99% na rede hoteleira.
• Venda de ingressos para 160 países, comprovando o alcance global do evento.

"Repito, não é gasto, é investimento. E o poder público pode e deve contribuir ainda mais com o nosso espetáculo", reforçou Drumond, sublinhando a importância da parceria entre a iniciativa privada e o governo para o sucesso da festa.

Um Olhar para o Acesso: O Apelo por Dignidade

Em um momento de sensibilidade, João Drumond fez um apelo emocionado por mais atenção e carinho com as escolas dos grupos de acesso. Ele pediu que o poder público dedique um olhar mais cuidadoso para projetos como a "Cidade do Samba 2" (a Fábrica do Samba) e para as agremiações que desfilam na Intendente Magalhães.

A recente e lamentável tragédia do incêndio em uma fábrica que afetou escolas como Império Serrano, Ponte e Bangu foi lembrada como um exemplo de situação que "não pode voltar a se repetir". O diretor enfatizou a urgência de garantir condições dignas de trabalho para todos os profissionais que, nos bastidores, constroem a magia do Carnaval. Para ele, o desejo da LIESA é um espetáculo cada vez maior e mais bonito, com a valorização do sambista, mas isso exige "conhecimento de causa" e ações concretas, para além de "palavras bonitas".