Tradição de volta à Sapucaí: Um ensaio técnico com altos e baixos
Após uma década de ausência, a escola de samba Tradição retornou ao Sambódromo com seu ensaio técnico, gerando expectativas e emoções diversas. O evento, que contou com a colaboração de vários profissionais da imprensa carnavalesca, mostrou uma escola com momentos de brilho e outros que precisam de ajustes antes do desfile oficial.
Um começo promissor, um final… silencioso?
O início do ensaio foi marcado por um canto forte e entusiasmado de algumas alas, demonstrando a alegria do retorno e a energia da escola. No entanto, esse pique inicial não se manteve até o final. Gradativamente, o canto foi diminuindo, culminando em alas praticamente mudas na reta final, um ponto que precisa de atenção urgente da direção. Apesar disso, a evolução da escola foi elogiada: organizada, constante, sem buracos ou atropelos – um ponto positivo em meio às dificuldades.
A Comissão de Frente: um ritual de encantamento
A comissão de frente, comandada por Tony Tara, apresentou uma coreografia inspirada em rituais, com bruxas e um componente central representando a Tranca-Rua. A apresentação foi elogiada pela sincronia e teatralização, apesar de alguns problemas com os efeitos de fogo no primeiro módulo.
Mestre-sala e Porta-Bandeira: um ensaio para ajustes
A dupla de mestre-sala e porta-bandeira, Jorge Vinícius e Verônica, apresentou um desempenho irregular. Embora tenham se recuperado de um erro inicial com a bandeira, algumas falhas mostraram que o casal ainda precisa aprimorar a sincronia e a segurança na avenida. Verônica demonstrou mais segurança que Vinícius, que em alguns momentos pareceu indeciso em seus movimentos. O ensaio serviu como um alerta para ajustes antes do desfile oficial.
A fé em Iemanjá e a energia do ensaio
A porta-bandeira Verônica destacou a energia positiva do ensaio, associando-a à fé e à celebração de Iemanjá, santa do dia do ensaio (2 de fevereiro). Ela enfatizou os ensaios intensivos e a preparação física da dupla, mostrando a dedicação para o desfile.
Harmonia: um quesito que precisa de reforço
Enquanto o início do desfile apresentou um canto satisfatório, a harmonia decaiu significativamente ao longo do ensaio. As últimas alas passaram quase sem cantar, um problema que precisa de solução imediata. O intérprete Tuninho Jr., apesar de ter elogiado o samba e a energia da escola, precisa trabalhar na manutenção do canto durante todo o desfile.
Evolução: um ponto alto do ensaio
A evolução da Tradição foi um dos pontos altos do ensaio técnico. A escola se mostrou organizada e linear, mantendo o ritmo em todas as alas, sem atropelos ou espaçamentos significativos. As três alas coreografadas também não prejudicaram a evolução geral, demonstrando um bom planejamento e organização.
Samba: um trabalho que precisa de refinamento
O samba, apesar de melodicamente rico, apresentou algumas quebras de ritmo, principalmente pela repetição da palavra "reza". O desempenho do carro de som, liderado por Tuninho Jr., foi bom no início, mas também caiu na parte final, refletindo a falta de harmonia geral.
Destaques e expectativas
A presidente Raphaela Nascimento demonstrou entusiasmo durante todo o ensaio, e o mestre de bateria Thiago Praxedes destacou a identidade da bateria, comparando-a à das épocas áureas da escola. Ele também comentou sobre as dificuldades enfrentadas pela escola, que não possui quadra, e sobre os planos para aprimorar a apresentação até o desfile oficial. A escola desfilará na sexta-feira de carnaval, dia 28 de fevereiro, com o enredo "Reza", de Leandro Valente.
Em resumo, o ensaio técnico da Tradição mostrou uma escola com potencial, mas com pontos críticos que precisam ser corrigidos antes do desfile oficial. A energia e a organização em alguns quesitos contrastam com a falta de harmonia e a queda de entusiasmo no final. O sucesso no desfile dependerá da capacidade da escola de resolver esses problemas e manter o pique inicial até o final da apresentação.