Beija-Flor: Nino e Jéssica estreiam na disputa de sambas para 2026

Beija-Flor de Nilópolis: Uma Nova Era na Voz do Carnaval!
A quadra da Beija-Flor de Nilópolis, tradicionalmente palco de grandes emoções, viveu um capítulo histórico na primeira noite de disputa de samba-enredo para o Carnaval 2026. Mais do que a largada oficial rumo à Sapucaí, o evento marcou a aguardada estreia de Nino do Milênio e Jéssica Martin como as novas vozes oficiais da Deusa da Passarela. A dupla assume a responsabilidade de dar continuidade a um legado de cinco décadas, deixado pelo icônico Neguinho da Beija-Flor, que se despediu do microfone principal. O ar era de pura expectativa e reverência, com a comunidade nilopolitana pronta para acolher seus novos intérpretes.
A Emoção da Estreia: Jéssica Martin e Nino do Milênio no Microfone
Jéssica Martin, fazendo história como a primeira mulher a comandar o carro de som da atual campeã do Grupo Especial, não escondeu a intensidade do momento. "Olha, eu vou te falar, está sendo uma mistura de emoção maravilhosa. Estou muito feliz e realizada por substituir nosso mestre Neguinho e dar continuidade a esse legado. Hoje é a primeira vez que a gente canta para a nossa comunidade. Confesso que meu coração está palpitando, estou tremendo demais, sem saber como vai ser a reação deles, mas espero que seja incrível, lindo, dentro do amor, do respeito e da união que a Beija-Flor traz para a gente", declarou, com a voz embargada pela emoção.
Ao seu lado, Nino do Milênio ecoou o sentimento de responsabilidade e orgulho. "Muito feliz, como a Jéssica disse, é a primeira vez que a gente vai cantar para a comunidade nilopolitana. A gente sabe o tamanho da responsabilidade, sabe o tamanho da emoção e a gente sempre fica emocionado". A recepção da comunidade foi calorosa, um claro sinal de que a renovação, embora carregada de simbolismo, foi abraçada com entusiasmo. A noite provou que, mesmo com a voz histórica de Neguinho eternamente gravada na memória da Beija-Flor, Jéssica e Nino já começam a escrever, com entrega e paixão, o próximo capítulo dessa rica história carnavalesca. "Vamos nessa, que Deus nos abençoe. Quero aproveitar para deixar um grande beijo para o nosso mestre, Neguinho da Beija-Flor. A gente nunca esquece dele, está sempre lembrando, principalmente a cada samba que canta", fez questão de frisar Nino, em um belo tributo.
Axé e Simbolismo no Palco de São Jorge
A escolha do palco para as apresentações das duas primeiras chaves de samba-enredo não foi aleatória. Montado estrategicamente em frente à imagem de São Jorge, o santo guerreiro padroeiro da agremiação, o local carregava uma forte simbologia. Para Nino, a bênção de Ogum era palpável. "Hoje a gente vai ter a bênção de Ogum. O samba vai ser em frente ao São Jorge e é isso: que nos abençoe muito, que hoje seja um dia maravilhoso. Boa sorte a todos os compositores. Graças a Deus temos grandes sambas na chave de hoje e na próxima".
O diretor de carnaval, Marquinho Marino, explicou a decisão: "É um fator simbólico para a gente começar no pé de Ogum, até pela força do enredo. Queremos pegar esse axé, essa energia. É o primeiro evento depois do título. A ideia foi buscar essa sintonia da escola, essa energia. Todo mundo que entra na quadra, a primeira coisa que faz é cumprimentar os santos e os orixás. Foi esse simbolismo que quisemos trazer". Essa conexão com a fé e a ancestralidade é ainda mais relevante considerando o enredo de 2026: o Bembé do Mercado, o maior candomblé de rua do mundo, que acontece em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano.
A Safra de Sambas e o Verdadeiro Teste na Quadra
A primeira chave de sambas concorrentes trouxe à quadra as obras de números 73, 44, 51, 06, 02 e 39, apresentadas nessa ordem. O público compareceu em peso, e as torcidas, como de costume, estavam empolgadíssimas, mostrando a força da comunidade. A qualidade dos sambas foi elogiada por Nino: "A safra está maravilhosa e eu tenho certeza… Eu e Jéssica ficamos despreocupados, porque vamos ter um bom samba para cantar na nossa estreia. O samba é tudo. Se não for 50%, é 80% de um desfile".
Marino, contudo, fez questão de reforçar um ponto crucial: o verdadeiro teste de um samba-enredo acontece no chão da quadra. "Meu balanço é muito positivo, mas costumo dizer que é sempre na quadra. O pessoal ouve na internet, já escolhe o campeão, já diz que é estandarte de ouro, antológico… e o samba nem foi cantado na quadra. Principalmente na Beija-Flor, o samba só acontece na voz da comunidade. Temos que botar o povo para cantar, se familiarizar e, automaticamente, escolher o samba".
Preparação Intensa e Ambição de Título para 2026
Após a conquista do título no último desfile, a equipe musical da Beija-Flor se reorganiza com afinco para sustentar e, se possível, ampliar o padrão de excelência que é marca registrada da agremiação. Marino detalhou o trabalho minucioso: "É um trabalho que começou no dia em que eles foram escolhidos. Já fomos para o estúdio e já fizemos uns 16 ensaios do carro de som. Acho que completou bem o time de vozes e, ouvindo aqui, o público vai entender o que queremos fazer".
Jéssica, por sua vez, expressou o orgulho e a sintonia com a equipe: "Está sendo um trabalho incrível. Nosso diretor Marino está sendo maravilhoso. Nosso diretor musical, Betinho, também. Está sendo tudo novo para mim, mas incrível. Há muita união e respeito. Tenho fé que, em 2026, vamos entrar com tudo na avenida junto com a nossa maravilhosa Beija-Flor e nossa comunidade". Nino do Milênio concluiu com a ambição da dupla: "A emoção está sendo diferente das que vivi nas outras escolas que me deram oportunidade. Eu e Jessy vamos dar o nosso melhor e, quem sabe, conquistar um título para consagrar a nossa estreia". A Beija-Flor, com suas novas vozes e a energia renovada, já está a todo vapor para mais um Carnaval inesquecível.