Comissão de frente: peso da alegoria ofusca narrativa, diz coreógrafo
Marcelo Misailidis: A Revolução na Comissão de Frente da Mocidade e o Futuro do Quesito!
O Carnaval 2025 mal terminou, mas já deixou um legado de debates e inovações, especialmente no quesito comissão de frente. O renomado coreógrafo Marcelo Misailidis, em sua aguardada estreia na Mocidade Independente de Padre Miguel, apostou em uma proposta que dividiu opiniões: aclamada pelo público, mas penalizada por parte do júri. Agora, com os olhos voltados para o Carnaval 2026 e a homenagem a Rita Lee, Misailidis reflete sobre o resultado, a evolução do quesito e os desafios de equilibrar arte e competição.
A Estreia Surpreendente e as Notas Inesperadas
Misailidis chegou à Mocidade com uma visão clara: resgatar o protagonismo da narrativa e do elemento humano na comissão de frente. Sua apresentação de 2025, que abriu a segunda-feira de desfiles do Grupo Especial, surpreendeu a todos ao focar na coreografia e na expressão dos 15 componentes, sem o uso de grandes alegorias ou efeitos cenográficos que se tornaram comuns. O público vibrou, mas três dos quatro jurados encontraram motivos para descontar pontos da escola.
Para o coreógrafo, a reação dos julgadores pode ter sido um reflexo da surpresa. "Eu só tive uma nota 10, as outras eu perdi. Em relação à avaliação do julgador, penso que ele foi surpreendido com a apresentação. Mediante a tudo que ele tinha visto, não tinha parâmetros comparativos", explica Misailidis. Ele sugere que, talvez, tenha sido mais "confortável" para o jurado penalizar a Mocidade para manter uma lógica com as notas já atribuídas a outras escolas que seguiram um formato mais tradicional.
Narrativa vs. Alegoria: O Grande Debate
Misailidis não esconde sua preocupação com a direção que o quesito comissão de frente tem tomado. Ele argumenta que a busca por "soluções cênicas" grandiosas, muitas vezes dependentes de alegorias imponentes e elevadores, tem ofuscado a essência da coreografia e a performance dos bailarinos.
- Protagonismo Humano: "Eu acredito que, se nós profissionais não observarmos esse detalhe, o sentido da pertinência de um coreógrafo vai desaparecer", alerta. Para ele, o peso está sendo mais em função da alegoria do que do projeto da comissão.
- Equilíbrio Competitivo: Misailidis defende que a competição deve ser justa: "Deve ser sempre 15 componentes contra 15 componentes, não 15 componentes contra uma pequena ala se apresentando."
- Crítica ao Gigantismo: Embora tenha sido um dos precursores da grande volumetria no passado, ele agora busca um equilíbrio, percebendo os riscos. "Isso está esfriando a questão humana, o protagonismo, que deve ser quem apresenta a escola", afirma.
A Nova Cabine de Jurados e a Visão para o Desfile
Uma das novidades do Sambódromo, a cabine espelhada para os jurados, é vista com bons olhos por Misailidis. Ele celebra a iniciativa como um resgate da forma como as avaliações deveriam ocorrer, com o desfile sempre voltado para frente, saudando o público. "Não tem porque um casal ou uma comissão de frente ter que virar de costas para a parte do público que pagou o mesmo valor pelo ingresso", pontua. Para ele, é fundamental que haja um trabalho de educação para que se entenda que a comissão de frente deve apresentar a escola e saudar o público, e não virar-se para o julgador.
O Desafio de 2026: Rita Lee e o Futuro da Comissão
Com o samba-enredo de 2026 já definido em homenagem à icônica Rita Lee, Misailidis e sua equipe têm um universo vasto para explorar. No entanto, a experiência de 2025 levanta questões cruciais sobre o caminho a seguir. "O projeto ainda está em desenvolvimento. E essas perguntas que você me faz são as mesmas perguntas que internamente a gente discute. Para que lado a gente vai?", revela o coreógrafo.
A responsabilidade de trazer um bom resultado para a Mocidade é um fator decisivo. "Eu não estou no carnaval para gerar tese. Lógico, como artista, a gente quer mostrar o nosso trabalho, mas a gente tem uma responsabilidade de trazer resultado para a agremiação, porque senão uma nota baixa pode decidir a colocação de uma escola", pondera Misailidis. A definição do samba-enredo é um passo fundamental para nortear as decisões artísticas, buscando soluções responsáveis que valorizem a importância da escola e evitem a classificação obtida no último ano.
Para Misailidis, a comissão de frente é um quesito estratégico, a "protofonia de abertura de uma ópera", que deve ter todas as nuances emocionais do que vem depois e ajudar a contar a história do enredo com clareza e propósito. A expectativa é alta para ver como a Mocidade Independente, sob a batuta de Marcelo Misailidis, irá inovar e encantar no próximo Carnaval, homenageando a rainha do rock brasileiro.
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