Império Serrano homenageia Conceição Evaristo em 2026 com enredo "Ponciá Evaristo: flor do Mulungu"

Império Serrano Floresce com Conceição Evaristo em 2026: Uma "Escrevivência" na Sapucaí!
Preparem-se, amantes do Carnaval e da boa literatura! O Império Serrano acaba de anunciar o enredo que promete sacudir a Marquês de Sapucaí em 2026, e a notícia é de peso: a escola vai mergulhar de cabeça na obra e no universo de Conceição Evaristo, uma das maiores vozes da literatura brasileira contemporânea. Com o título "Ponciá Evaristo: flor do Mulungu", o carnavalesco Renato Esteves promete muito mais do que uma simples homenagem; será uma verdadeira "escrevivência" coletiva na avenida!
O Que é Essa "Escrevivência" na Sapucaí?
Para quem não está familiarizado, "escrevivência" é um conceito cunhado pela própria Conceição Evaristo para descrever uma escrita que nasce da vivência, atravessada por questões de raça, gênero e classe. E é exatamente essa a essência que o Império Serrano trará para a avenida. Renato Esteves, o carnavalesco à frente desse projeto ambicioso, revelou que a ideia de homenagear Conceição já era um desejo antigo. "Foi uma confluência de interesses", contou ele ao CARNAVALESCO, destacando a importância da escritora em sua vida e agora para a escola.
A escolha não foi por acaso. O desenvolvimento do enredo nasceu de um encontro marcante entre Esteves e a autora. "No nosso primeiro encontro, ela falou quase seis horas. Ali ela deu o enredo pra gente. Todos os caminhos vieram dessa conversa", lembrou o carnavalesco, evidenciando a profundidade e a autenticidade da inspiração. E tem mais: Conceição Evaristo fez um pedido especial para a equipe do Império. Ela pediu que lessem seus livros, mas não sua biografia. "Disse que a biografia dela é de uma mulher preta comum, com todos os sofrimentos que isso carrega — e que a potência dela está nas obras", revelou Esteves. Uma lição de humildade e foco na arte!
Império Serrano: O Palco Perfeito para a "Escrevivência"
Essa perspectiva da escrevivência, que valoriza as experiências cotidianas, a oralidade, o corpo e a memória, se encaixa como uma luva no DNA do Império Serrano. "O Império Serrano é uma escola fundamentada nas mulheres pretas. Já tem a sua própria escrevivência. Então a gente tá se usando desse conceito para desenvolver o desfile e, a partir desse ponto, trazer as vivências da Dona Conceição", afirmou Renato Esteves. Ou seja, o desfile não será apenas sobre Conceição, mas com ela, e também com a rica história e a vibrante comunidade do próprio Império Serrano.
Durante o processo de pesquisa, o carnavalesco se viu profundamente tocado pela força e pela atualidade das obras da autora. "É uma escrita que vai direto ao ponto. São histórias que ou a gente viveu, ou conhece alguém que viveu, ou ouviu alguém contar. Eu me encontrei muito na literatura dela. É literatura, mas também é memória social", declarou o artista, ressaltando a universalidade e o impacto das narrativas de Conceição Evaristo.
Mais que um Desfile, um Grito de Resistência e Cultura
Para o Império Serrano, essa homenagem transcende o espetáculo carnavalesco e se transforma em uma poderosa afirmação histórica. É a cultura negra, as narrativas muitas vezes silenciadas, o corpo feminino e periférico que não apenas desfilam, mas "escrevivem" suas próprias existências na maior passarela do samba. "A gente vai divulgar a cultura, vai divulgar a leitura. É um passo muito importante que o Império está dando, em defesa das bandeiras que ele já levanta desde sempre", destacou Esteves, sublinhando o compromisso social e cultural da escola.
A "flor do mulungu", um símbolo de resistência e ancestralidade presente na literatura de Conceição, promete florescer em cada detalhe do desfile: nas alas vibrantes, nas alegorias grandiosas e nos versos que ecoarão pela Sapucaí. "É uma responsabilidade muito grande falar de Dona Conceição Evaristo. Mas também é um prazer imenso. Eu transformo essa responsabilidade em honra. E eu acho que tinha que ser no Império Serrano", finalizou o carnavalesco, com a emoção de quem sabe o peso e a beleza do projeto.
Em 2026, cada passo do Império Serrano na avenida será uma palavra, cada ala um parágrafo, cada batida de tambor um grito de vida. Será uma "escrevivência" coletiva que atravessará tempos, corpos e saberes, transformando a Sapucaí em um imenso livro aberto à luta, à poesia e à celebração da identidade. Preparem-se para uma aula de história, literatura e samba!